28 de março de 2008

Pneumotórax

Pneumotórax é um poema modernista de Manuel Bandeira (foto ao lado) que o meu amigo e poeta Júlio Paulo Marcondes me apresentou quando me deu o livro Estrela da Vida Inteira. Achei interessante a descoberta de que a música Pulso de Arnaldo Antunes para os Titãs tinha o poema como referência. A idéia da música era exatamente a pneumonia tomando conta e despedaçando aos poucos o romântico. Tudo solto. Muito pan. Gustavo Mascarenhas e Guilherme Sapo Joe fazem bateria e baixo. Gravei algo em torno de 10 a 20 canais de guitarras e violões. Foi gravada no estúdio Solo de Curitiba no verão de 94/95 por Victor França e René Barnunça.
Pneumotórax
(Manuel Bandeira)
.
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturno
A vida inteira que podeia ter sido e não foi
Tosse, tosse, tosse...
Mandou chamar o médico
- Diga trinta e três
- Trinta e três
- Respire
- ............
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então doutor, não é possível tentar um pneumotórax
- Não, a única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

15 de março de 2008

Carta Náutica

Foto nas obras do teatro Araujo Vianna - Porto Alegre - RS
(contra-capa do CD "Um dia, mais dias, bem mais... ")


A Música Carta Náutica foi composta no verão de 1995, numa viagem no veleiro Mic onde eu e meu amigo Marcelo Fon pudemos conhecer melhor as belezas da Baia de Ilha Grande. Locais como a Praia do Pouso, Martins de Sá, Saco do Mamanguá, Ponta da Joatinga e Ilha das Couves serviram de fotografia para a Música. O clima de tranquilidade e paz destes lugares que só se chega de barco impera na música. A solidão paradoxa com a paz do isolamento e da distância fisica pela dificuldade de locomoção. A paisagem é maravilhosa!
A gravação foi feita em Porto Alegre no Solari Estúdio por Henrique Villasco, que também se ofereceu para fazer os solos de guitarra. Edson Walter e eu fazemos os violões, Peter Beluso o baixo, Jorge Luiz Foques no Teclado, Leandro na bateria e as vozes eu divido com o trio Camila Oliveira, Camila Giugliane e Christiane Nechting.

Marcelo Solla - Carta Náutica



Carta Náutica
(Marcelo Solla)

O pouso, a lua e a paz
Apoitar os sonhos no mar
As cores mais fortes
Cajaíba, Joatinga voraz
Martins, e o verde por de trás
As cores mais verdes
Se ao menos os anjos
Pudessem estar aqui
Teria histórias pra contar
A ilha, a beleza eficaz
O sol se pondo no cais
As cores mais cruas
Os dias, mais dias bem mais
As noites, tão noites, tão jazz
As cores mais cegas
Se ao menos os anjos
Sonhassem estar aqui
Teria motivos pra voltar
Longe de todos e de tudo o que passou
Todos os lugares que estive e não estou
As vozes cansadas, o tempo calou
Se ao menos os anjos, pudessem
Se ao menos os anjos, quisessem
Se ao menos os anjos...
Estar aqui...

Ode X


Ode X é um poema de Horácio do Sec I a.c. traduzido do grego pelo poeta Curitibano Paulo Leminsky (foto ao lado). Meu amigo e poeta Júlio Paulo Marcondes foi quem me apresentou o poema já musicado pelo Fernadinho (Fernado Delmonte). Era um blues fantástico com variações de tons maiores e menores. Fiz este arranjo para a gravação de meu primeiro disco: " Um dia, mais dias, bem mais...". A gravação foi feita no Estúdio Solo de Curitiba por Victor França e conta com Marcelo Solla (Guitarras e Voz), Fernando Delmonte (Violão), Gustavo Mascarenhas (Bateria) e Guilherme Sapo Joe no Baixo.


Ode X (ouça aqui)


Ode X
(Paulo Leminky)

Nem me pergunte,
Saber não presta Leocone
Que fim os deuses nos preparam
Nem arrisque em números de Babel
Como se fosse o máximo
O que vier fature
Se o pai te concedeu
Vários invernos e o último
Agora o Mar Tyrreno
Sepilha pedras de naufragar
Filtre o vinho, sorva os copos
Prazo breve, corta a espera
A era já era
A era, já era
Antes do tempo lhe dizer
Estamos conversados
Pegue este dia
Crer no próximo não vale um nihil.